Expectativas de Mercado -10/09/2021

A pesquisa FOCUS divulgada hoje pelo Banco Central (BC) revelou que os agentes econômicos continuam projetando mais pressão na inflação medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que agora deve fechar a ano com alta de 8,00 %, vindo de 7,58%. As altas nas estimativas dos economistas neste item já acumulam 23 semanas consecutivas.

Na semana passada, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgou que a inflação no mês de agosto medido pelo IPCA foi de 0,87%, e acumula alta de 9,68% nos últimos 12 meses.

Com a inflação do mês de agosto vindo acima das projeções pelo mercado, alguns economistas revisaram suas estimativas para este ano. A economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, por exemplo, escreveu que o IPCA de agosto foi” Além da variação acima do esperado, os núcleos também mostram um cenário pior para a inflação, com alta de 6% e difusão acima de 70%. O aperto monetário será maior que o previsto e BC independente pode fazer a diferença, pois credibilidade é importante para controlar as expectativas”.

O Asa Investments revisou a projeção do IPCA deste ano de 7,8% para 8,2% e da Selic, de 8% para 9% no final do ciclo. O Banco espera 1 ponto porcentual de alta para a taxa básica este mês, mas diz que chance de 1,25 ponto está aumentando.

Já a LCA Consultores elevou a projeção do IPCA de 2021 de 7,0 % para 8,2%. De 2022, a consultoria eleva de 4,1% para 4,2%. O banco Alfa elevou projeção de inflação de 7,70% para 8% este ano. Em nota, o banco destacou que o resultado do mês mostrou pressões disseminadas, com difusão de 71,88%.

O banco Barclays também elevou a projeção do IPCA/2021 de 7,7% para 8,2% e da Selic, de 7,50% para 8,50%. E por fim, a Ativa também espera agora 8,2% para o IPCA deste ano.

Para a inflação medida pelo IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado, a alta projetada pelo mercado continua indicando perda de força quando comparada com a coleta da semana passada. A projeção para o IGP-M deste ano ficou em 19,22%, de 19,31% da última coleta. A expectativa para a alta da inflação dos preços administrados[1] ficou em 12,35% em 2021.

Um dos fatores que continua contribuindo com essa expectativa leva em conta a alta da energia elétrica[2], já que o cenário hidrológico segue bastante adverso, com os reservatórios na mínima histórica, mesmo durante o “período chuvoso”. Atualmente, nos encontramos em “bandeira vermelha I” e este cenário contempla “bandeira vermelha II” entre junho e outubro, voltando para o nível “vermelho I” em novembro e “amarelo” a partir de dezembro.

Para a SELIC, o mercado elevou a aposta para 8,00% ao ano. Em 2022 a SELIC deverá encerrar o ano aos 8,00% ao ano também e em 2023 cai à 6,50% ao ano.

Para os agentes consultados pelo BC, a taxa do dólar norte-americano este ano fechará aos R$ 5,20 e para 2022 continua sendo de R$ 5,20/US$ 1,00.

Com relação ao crescimento econômico para este ano, os economistas apontam para um avanço de 5,15%, ante 5,22% da coleta passada. Para 2022, as expectativas foram reduzidas à 1,93%.

Por fim, a projeção para o crescimento da produção industrial passou de 6,28% para 6,09%.


[1] No Brasil, o termo “preços administrados” refere-se aos preços insensíveis às condições de oferta e demanda porque são estabelecidos por contrato ou por órgão público. Exemplos de bens e serviços cujos preços são administrados para os consumidores são serviços telefônicos, energia elétrica, gasolina, plano de saúde, ônibus urbano e interestadual e metrô.

Atualmente, os preços de 23 bens e serviços na cesta do IPCA (índice de preços ao consumidor amplo, o índice oficial de inflação do sistema de metas) são considerados administrados. Esses bens e serviços são produzidos por empresas públicas ou são regulados por agências reguladoras, que determinam um percentual máximo de reajuste a cada ano. Na composição dos preços administrados, cabe destacar o importante peso do preço de gasolina, transporte público urbano (metrô e ônibus), medicamentos e plano de saúde. Os preços administrados respondem por pouco menos de 23% do IPCA total.

[2] Desde 2015, as contas de energia passaram a considerar o Sistema de Bandeiras Tarifárias, que são divididas entre verde, amarela, vermelha (patamar I e patamar II) e sinalizam se haverá acréscimo no valor da energia a ser repassada ao consumidor final, em função das condições de geração de eletricidade.

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