Expectativas de Mercado – 23/08/2021

O boletim FOCUS divulgado hoje revelou que o mercado projeta ainda mais inflação para este ano, com o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, crescendo 7,27%.

Na semana passada foi a vez do banco JP Morgan revisar a sua projeção de IPCA para 2021, que passou de 7,1% para 7,7%.

Para o banco Opportunity, o IPCA este ano será de alta de 7,80%, mas pondera que pode atingir ou ultrapassar 8%, com o risco de o reajuste da bandeira vermelha 2 superar R$ 11,50. Segundo o Banco, se for R$ 15, o impacto no IPCA seria de 0,20 ponto porcentual. Com a inércia inflacionária, o Oppotunity já projeta alta de 4,50% em 2022 (um ponto acima do centro da meta de 3,5%).

Já para Pedro Paulo Silveira, economista da Nova Futura CTVM, o índice de difusão do IPCA-15 de agosto ficou em 74%. É o mais alto desde o governo Dilma, segundo ele, e mostra que a inflação não é um problema focado. A estimativa da Nova Futura é para que 2021 o IPCA suba para 8%.

Para a inflação medida pelo IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado, a alta projetada pelo mercado ficou em 19,65%, de 19,52% da semana passada. A expectativa para a alta da inflação dos preços administrados[1] ficou em 11,31% em 2021.

Hoje (30), mais cedo, foi divulgado que o Índice Geral de Preços – Mercado variou 0,66% em agosto contra 0,78% no mês anterior. Com este resultado, o índice acumula alta de 16,75% no ano e de 31,12% em 12 meses. Em agosto de 2020, o IGP-M havia subido 2,74% e acumulava alta de 13,02% em 12 meses. “Se não fosse a crise hídrica, o IGP-M apresentaria desaceleração mais forte. No IPA (agro), culturas afetadas perla estiagem, como milho e café, registraram forte avanço em seus preços. No âmbito do consumidor, o preço da energia, para a qual é esperado novo reajuste em setembro, registrou alta de 3,26%, sendo a principal influência para a inflação ao consumidor”, afirma o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços. Veja a nota completa divulgada pela FGV

Um dos fatores que continua contribuindo com essa expectativa leva em conta a alta da energia elétrica[2], já que o cenário hidrológico segue bastante adverso, com os reservatórios na mínima histórica, mesmo durante o “período chuvoso”. Atualmente, nos encontramos em “bandeira vermelha I” e este cenário contempla “bandeira vermelha II” entre junho e outubro, voltando para o nível “vermelho I” em novembro e “amarelo” a partir de dezembro.

Para a SELIC, o mercado continua apostando em alta de 2,25% até o final do ano, fechando aos 7,50% ao ano. A partir de 2023 a Selic deverá ser reduzida à 6,50% ao ano.

Para os agentes consultados pelo BC, a taxa do dólar norte-americano este ano fechará aos R$ 5,15 e para 2022 continua sendo de R$ 5,20/US$ 1,00.

Com relação ao crescimento econômico para este ano, os economistas apontam para um avanço de 5,22%, ante 5,27% da coleta passada. Para 2022, as expectativas foram mantidas à 2%.

Por fim, o crescimento da produção industrial teve uma pequena elevação na expectativa para este ano, que agora é de 6,43% (ante 6,40%).


[1] No Brasil, o termo “preços administrados” refere-se aos preços insensíveis às condições de oferta e demanda porque são estabelecidos por contrato ou por órgão público. Exemplos de bens e serviços cujos preços são administrados para os consumidores são serviços telefônicos, energia elétrica, gasolina, plano de saúde, ônibus urbano e interestadual e metrô.

Atualmente, os preços de 23 bens e serviços na cesta do IPCA (índice de preços ao consumidor amplo, o índice oficial de inflação do sistema de metas) são considerados administrados. Esses bens e serviços são produzidos por empresas públicas ou são regulados por agências reguladoras, que determinam um percentual máximo de reajuste a cada ano. Na composição dos preços administrados, cabe destacar o importante peso do preço de gasolina, transporte público urbano (metrô e ônibus), medicamentos e plano de saúde. Os preços administrados respondem por pouco menos de 23% do IPCA total.

[2] Desde 2015, as contas de energia passaram a considerar o Sistema de Bandeiras Tarifárias, que são divididas entre verde, amarela, vermelha (patamar I e patamar II) e sinalizam se haverá acréscimo no valor da energia a ser repassada ao consumidor final, em função das condições de geração de eletricidade.

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