Estimativas de Mercado – 03/09/2021

Em mais uma rodada da pesquisa FOCUS os agentes econômicos projetam mais pressão na inflação medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que deve fechar a ano com alta de 7,58%. Há quatro semanas, a estimativa era de alta de 6,88%. As altas nas estimativas do IPCA pelos economistas já acumulam 22 semanas consecutivas.

No início do mês, o banco Bradesco elevou sua previsão de IPCA em 2021 para 7,8%.  A MB Associados também elevou a projeção de IPCA em 2021 para 8,3%, de 7,33%. Já o Barclays, projeta alta de 7,7% (de 7,10%) para o IPCA deste ano.

No geral, as projeções do Broadcast indicam alta para o IPCA deste ano de 7,70% e para 2022 alta de 3,9%, após tarifação de energia.

A nova bandeira de escassez hídrica, de R$ 14,20 a cada 100 kWh, representa um reajuste de 49,63% sobre a bandeira vermelha 2 vigente, de R$ 9,49. A Aneel acabou cedendo e decidiu atender ao pedido do Ministério da Economia e estabeleceu uma bandeira mais baixa, porém por período mais longo (entre 01/09/21 e 30/04/22). Inicialmente, a Agência queria emplacar uma bandeira de até R$ 25 durante três meses. Segundo o governo, a nova bandeira representa um aumento de 6,78% sobre a tarifa média das contas de luz.

Para a inflação medida pelo IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado, a alta projetada pelo mercado indica perda de força quando comparada com a coleta da semana passada. A projeção para o IGP-M deste ano ficou em 19,31%, de 19,65% da última coleta. A expectativa para a alta da inflação dos preços administrados[1] ficou em 11,90% em 2021.

Um dos fatores que continua contribuindo com essa expectativa leva em conta a alta da energia elétrica[2], já que o cenário hidrológico segue bastante adverso, com os reservatórios na mínima histórica, mesmo durante o “período chuvoso”. Atualmente, nos encontramos em “bandeira vermelha I” e este cenário contempla “bandeira vermelha II” entre junho e outubro, voltando para o nível “vermelho I” em novembro e “amarelo” a partir de dezembro.

Para a SELIC, o mercado elevou a aposta para 7,63% ao ano. Em 2022 a SELIC deverá encerrar o ano aos 7,75% ao ano e em 2023 cai à 6,50% ao ano.

Para os agentes consultados pelo BC, a taxa do dólar norte-americano este ano fechará aos R$ 5,17 e para 2022 continua sendo de R$ 5,20/US$ 1,00.

Com relação ao crescimento econômico para este ano, os economistas apontam para um avanço de 5,15%, ante 5,22% da coleta passada. Para 2022, as expectativas foram reduzidas à 1,93%.

Por fim, a projeção para o crescimento da produção industrial passou de 6,43% para 6,28%.

Para o banco JP Morgan, a produção industrial deve continuar a cair, nos próximos trimestres, devido a crescentes pressões como crise hídrica e falta de insumos para veículos. O banco diz que, enquanto a produção de bens de capital voltou a apresentar desempenho superior, a fraqueza concentrou-se principalmente na produção de bens duráveis, que diminuiu 2,7% na variação entre junho e julho.  “Com isso, embora a produção de bens de capital e intermediários esteja 16% e 0,7% acima do nível pré-pandêmico, respectivamente, a produção de bens de consumo ainda está 11,5% abaixo”, diz relatório do banco, informa o Valor. A tendência agora é que a desaceleração continue, acrescenta o texto.


[1] No Brasil, o termo “preços administrados” refere-se aos preços insensíveis às condições de oferta e demanda porque são estabelecidos por contrato ou por órgão público. Exemplos de bens e serviços cujos preços são administrados para os consumidores são serviços telefônicos, energia elétrica, gasolina, plano de saúde, ônibus urbano e interestadual e metrô.

Atualmente, os preços de 23 bens e serviços na cesta do IPCA (índice de preços ao consumidor amplo, o índice oficial de inflação do sistema de metas) são considerados administrados. Esses bens e serviços são produzidos por empresas públicas ou são regulados por agências reguladoras, que determinam um percentual máximo de reajuste a cada ano. Na composição dos preços administrados, cabe destacar o importante peso do preço de gasolina, transporte público urbano (metrô e ônibus), medicamentos e plano de saúde. Os preços administrados respondem por pouco menos de 23% do IPCA total.

[2] Desde 2015, as contas de energia passaram a considerar o Sistema de Bandeiras Tarifárias, que são divididas entre verde, amarela, vermelha (patamar I e patamar II) e sinalizam se haverá acréscimo no valor da energia a ser repassada ao consumidor final, em função das condições de geração de eletricidade.

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